Antes de avançar com esta apresentação quero deixar claro que me vou limitar a falar de uma experiência profissional no Chile, não havendo qualquer interesse em estimular o uso ilegal deste tratamento, até porque como sabem só podemos usar tratamentos homologados. ????????
Confesso que também fui contactado pela DGAV pela responsável nacional do PICOA, que poderia ter problemas por falar deste produto, uma vez que não está homologado em Portugal.
Para nos protegermos além de termos alterado o cartaz das jornadas, quero que fique claro que cada um é responsável pelas seus actos e pode estar sujeito a coimas caso use outros produtos que não os homologados.
Os objectivos de falar neste produto são dois, contribuir para a promoção deste produto, para que quem sabe alguma empresa o submeter a homologação em Portugal e aproveitar para falar mais uma vez no controlo da varroa.
Este é um novo tratamento que está a ser usado já há dois ou 3 anos na América do Sul, contudo, como é natural a invenção é europeia e foi testada e melhorada lá.
Trata-se de um produto que é basicamente a mistura de ácido oxálico com glicerina em tiras de cartão pedra, dando origem ao Monoxalato.
Para evitar problemas não vou publicar a receita, pois a mesma está publicada em diversos locais na internet, mas sim falar sobre uso e cuidados deste produto.
Como sabemos o ácido oxálico é um produto orgânico usado em apicultura biológica, o que faz deste tratamento adequado para produção biológica. Apesar disso é um ácido e todos os cuidados devem ser tidos ao nível do uso de equipamento de protecção e inalação dos vapores.
CUIDADOS A TER
(complementar com a receita publicada em vários locais na internet):
– Equipamentos de protecção da pele, vista e respiração;
– Usar panelas de inox em vez de alumínio: o ácido corrói o alumínio e o mesmo pode contaminar o mel;
– Usar um termómetro digital (de pistola), pois a medição da temperatura é mais rápida;
– Após preparação da mistura deve-se arrefecer o mais rapidamente possível a mistura num recipiente hermético para evitar que haja evaporação do produto, perdendo a mistura parte da concentração;
– Colocar as tiras com a mistura fria e fechar o recipiente;
– Usar tiras de cartão pedra fabricadas em Portugal, pois existem cartões no mercado com origem chinesa que podem conter metais pesados;
– Após as tiras estarem embebidas na mistura guardar em sacos ZIP ou seladas em sacos de no máximo 25 tiras, para evitar ter as tiras muito tempo expostas durante a aplicação das mesmas;
– Guardar as tiras em ambiente fresco (frigorifico), pois o calor activa o produto fazendo com que liberte gás, chegando as bolsas a inchar. Pretende-se que esta libertação seja feita no interior da colmeia, daí ser importante levar os tratamento em geleiras para o campo com ambientes quentes;
– Colocar 4 tiras por colmeias com 10 quadros e voltar a colocar mais duas tiras 15 dias depois;
– Este tratamento só deve ser usado se os níveis de varroa forem inferiores a 3%, pois como só mata a varroa forética, tendo uma acção lenta, corremos o risco de não funcionar em colmeias com níveis de varroa superiores, algo que já aconteceu a alguns apicultores e continua a acontecer. MUITA, MAS MUITA ATENÇÃO A ESTE PORMENOR!!!
– Este tratamento não anula o uso de outros tratamentos químicos, pois continua a ser necessário fazer pelo menos dois tratamentos com substâncias activas eficazes como é o caso do amitraz;
– A parte interessante deste produto é o facto de ser biológico, bem tolerado pelas abelhas, não deixa resíduos, tem uma acção prolongada no tempo, mantendo os níveis de varroa baixos, evitando os picos de varroa que tantos problemas nos causam.
– É importantíssimo, tanto com este tratamento como com qualquer outro, sempre que mechemos nas colmeias, devemos mudar a posição das tiras de tratamento, pois aumentamos a taxa de eficácia. As abelhas têm tendência a escavar á volta das tiras no quadro evitando passar e ter contacto com as mesmas. Ao mudarmos a posição das tiras obrigamos a que as abelhas voltem a ter contacto direto, aumentando a eficácia e resultados.
– As tiras têm de ter o comprimento suficiente para cobrirem as duas faces dos quadros, devendo ficar todas as posições e faces com criação com uma tira;
– Deve-se evitar abrir as colmeias nos dias seguintes ao tratamento, para favorecer a acção dos vapores;
– As abelhas vão roendo as tiras, não havendo a necessidade de as tirar;
– Lembrem-se é importantíssimo manter constantemente os níveis de varroa baixos, este é um tratamento que nos permite isso, sem que haja efeitos negativos na colónia e melhor que tudo, não deixa resíduos no mel;
– Esperamos que seja homologado brevemente, para que o possamos usar legalmente!
Apesar deste tratamento funcionar o mesmo já foi melhorado, que segundo Randy Oliver, obtém-se melhores resultados com toalhetes de papel em vez das tiras de cartão pedra.
Podem consultar o artigo do Rangy Oliver na sua página de Internet:
João Tomé
…um apicultor, pela apicultura…