A polinização é um mercado crescente em Portugal, havendo já diversos apicultores que parte do seu rendimento das abelhas provém deste serviço.
Pode ser uma fonte de rendimento muito interessante e cabe-nos a nós apicultores organizarmo-nos e dirigir correctamente este mercado, para que haja uma boa relação e mutualismo entre os apicultores e os clientes, pois ambos devem retirar proveitos deste serviço, de forma séria e honesta.


Quando digo séria e honesta, para o apicultor é que seja justamente remunerada e para o cliente que a polinização seja bem efetuada, pois não basta colocar lá as abelhas durante a época de floração das culturas que estamos a polinizar.
As colmeias têm que ser devidamente preparadas, criando uma necessidade na procura de pólen, aumentando o sucesso da polinização.
A preparação de colmeias para polinizar é exactamente igual à preparação de colmeias para transumar (ver artigo sobre preparação de colmeias para transumância), contudo, em vez que criação operculada, colocamos criação aberta, mas deixando sempre espaço para que as colónias possam crescer (3 quadros de cera em lâmina ou puxada), permitindo à rainha continuar em postura, mantendo sempre criação aberta.


Todos os apicultores que têm experiência em produção de pólen, já devem ter visto que as colmeias que mais pólen produzem são as que estão a crescer e encher o ninho, onde muitas das vezes aquelas que nos pareciam mais fortes, com o ninho cheio, acabam por produzir menos pólen.
Quanto mais quadros de criação aberta tiverem as colmeias, maior será o número de larvas para alimentar, havendo uma grande necessidade de pólen, daí que quando se preparam colmeias para polinizar devemos criar essa necessidade.
Devemos também evitar produzir mel, pois além de todos os problemas com os agro-tóxicos que podem contaminar o mel, acabamos por deixar bloquear as colmeias. Em vez disso, devemos aproveitar e ir desbloqueando os ninhos, aproveitando os quadros que retiramos para fazer enxames novos. Desta forma, também evitamos os comentários de alguns clientes que como produzimos mel, nem que seja pouco ou nenhum, também acabamos por retirar proveitos, sendo um dos argumentos para nos quererem pagar menos do que o valor justo pelo nosso serviço.

Também devemos levar as colmeias gradualmente (até atingir a densidade por hectare contratualizada), á medida que a floração aumenta, devendo evitar levar as colmeias todas de uma só vez, pois arriscamo-nos a que não haja floração suficiente para as manter, podendo algumas ir “abaixo” pela quebra de postura da rainha.


Da mesma forma devemos ser muito cautelosos em algumas culturas, especialmente as que são feitas em estufas semi abertas ou fechadas, evitando que as mesmas colmeias fiquem lá a floração completa, pois arriscamo-nos a perder essas colmeias.




No caso de estufas fechadas ou semi fechadas que existe muita perca de abelhas, as colmeias deveriam ser substituídas semanalmente ou logo que encontremos sinais de enfraquecimento.

Este é um mercado que aconselho vivamente a que criem uma associação nacional ou regional de forma a conseguir organizá-lo o quanto antes, caso contrário os clientes depressa vão aprender a saber explorar esta falta de organização.

João Tomé
…um apicultor, pela apicultura…
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