Confesso que a técnica do poncho nunca me despertou grande interesse, pois a pouca informação e imagens que encontrei eram europeias onde cobriam as colmeias por completo com um plástico. Sinceramente isso sempre me fez confusão pelos mais variados problemas, especialmente ao nível de humidade.


Nesta viagem que fiz ao Chile, tive oportunidade de ver apicultores profissionais a usar o poncho, e neste caso de uma forma que me agradou bastante.
Sabia que o plástico tem um efeito positivo nas colónias, pois cria um microclima, algo que já pude comprovar diversas vezes quando coloco pacotes de apimel em cima dos quadros dos núcleos de transumância e verifico que chegam a puxar cera dentro do pacote em pleno Inverno, além disso temos várias caixas divididas a meio para fazer dois núcleos, usando uma tela de isolamento por cima dos quadros com o objectivo de fazer pranchetas e estes núcleos ao fim de 21 dias têm em média mais um quadros de criação/abelhas, comprovando um efeito positivo.


Aquilo que verifiquei no Chile é que não colocam o plástico a cobrir por completo as colmeias, fica sempre um espaço nos lados que permite que não se acumule humidade e além do mais que as abelhas subam às alças. Algo que já comprovei este ano, onde após encherem o ninho as abelhas subiram às alças e em alguns casos até a rainha.


No caso das colmeias lusitana e reversível a largura do plástico ideal é de 35 cm e 45 cm de comprimento. O ideal é comprar rolos de plástico resistentes (mangas de plástico da agricultura) já com 35 cm de largura, havendo só a necessidade de cortar em comprimento.



No Chile, apesar de usarem plásticos, preferem as telas de ráfia impermeáveis pois dizem que não acumula humidade.


Caso haja problemas de humidade colocam um pau por cima dos quadros de criação com o objectivo de haver circulação de ar, sendo este o ponto em que devemos ter maior atenção, pois nas zonas muito húmidas o poncho pode ser um problema.


A tela ou plástico poucas vezes é colocada até ao fundo dos quadros, a não ser de Inverno para criar uma verdadeira barreira, mas muitos dos apicultores limitam-se a deixar o plástico a meio do ultimo quadro, pois desta forma permitimos que as abelhas passem para os quadros seguintes, seja a puxar cera ou até mesmo consumir reservas.
O uso do poncho também é uma forma de monitorizarmos o crescimento das colónias, pois se tiverem crescido já passaram o ultimo quadro que tem plástico.


Na fase de início de primavera quando ainda faz frio deixam sempre um quadro com cera em lâmina ou cera já puxada no último quadro para as abelhas irem trabalhando.
Também poderá ser um boa solução de início de primavera quando ainda faz muito frio durante a noite, mas durante o dia as abelhas já trabalham bem, pois o plástico ajuda-as a estarem aconchegadas durante a noite e trabalharem durante o dia.
É uma questão de testarmos este sistema nas nossas colmeias, onde com um ano de experiência já podemos afirmar que todos deveriam experimentar, pois os resultados são muito bons, especialmente em enxames mais fracos, pois mesmo assim sobem aos alimentadores.

VANTAGENS:

– De Inverno o plástico conserva o calor; 
– Menor consumo de reservas durante o Inverno;
– De Verão conserva a humidade; 
– Não deixa desidratar as pastas proteicas; 
– Aperta os enxames fracos, de forma a que os mesmos sobrevivam com menos dificuldades;

Parece que o inimigo principal/desvantagem do “poncho” é mesmo o vento, pois causa algumas chatices quando estamos a trabalhar pois faz voar os plásticos.


João Tomé
…um apicultor, pela apicultura…
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